O que é carreira?
- Célia Chueire
- 30 de mai. de 2022
- 4 min de leitura

Em que você pensa quando se fala sobre carreira? Ou ainda plano de carreira?
Fato é que, por muitas vezes, podemos levar para o caminho de algo que vai ser fundamental para nossas vidas, afinal o trabalho é um fator importantíssimo para várias coisas, certo?
De fato, mas não é o objetivo deste texto discutir esse mérito. A questão que será proposta aqui intenta mais um tom de reflexão e sugestão do que podemos compreender sobre este termo, a carreira.
De origem no latim, a palavra carreira vem da expressão "via carraria", uma estrada para carros, uma trilha ou percurso que, basicamente, é uniforme e linear.
E de fato é bem comum pensar-se na carreira como uma via, um caminho a se seguir, com os mais diversos objetivos. Um deles poderia obter um melhor salário, ou mais responsabilidade, ou ainda uma posição mais importante na hierarquia da empresa.
Mas será que seria possível expandir um pouco esta percepção? Será que poderíamos vislumbrar outros caminhos de compreensão deste termo?
Sim. Por exemplo, existe a possibilidade de seguir o caminho de mais de uma carreira: a pessoa pode ser professor, escritor, carpinteiro, poeta.
Na verdade, porque não seguir caminhos um pouco seguindo a intuição, conectar o que se tem vontade de fazer, o que faz sentido ser feito. Um sentido muito conectado com a ideia de vocação, ou seja, no que se sabe fazer sendo eficiente e resiliente, além de claro baseando-se na própria capacidade técnica, possibilitando assim uma boa qualidade na entrega de resultados.
A partir disso, temos a perspectiva de compreender os caminhos de carreira como demandas que surgem, e em consequência, possibilidades de trabalhos e serviços a serem entregues para sociedade das mais diversas formas, desde fazer trabalhos voluntários até cumprir uma rotina “padrão” em um escritório. Desta forma, é natural que se configurem diversas possibilidades de trabalhos possíveis, basta que surja uma demanda e a pessoa tenha condições e a percepção para atendê-la na forma de trabalho.
Uma vez escolhida as vias de trabalho, é aconselhável definir o espírito que deverá animar o trabalhador, e primariamente vamos dar um destaque para o espírito de zelo. Um espírito ativo, atento, cuidadoso e curioso com o combustível da busca pelo que é verdadeiro.
Por exemplo, em tudo que se fizer, aquela ação terá como essência uma fé, uma crença de que existe uma consonância com o que acredita-se ser o certo a se fazer, uma visão de amizade com a honestidade e ato. E o que seria o ato?
O ato pode começar pelo entendimento de algo que seja essencial, primário e iniciador. Pelas palavras de Louis Lavelle: O ato é o primeiro motor pelo qual não paro de criar, a cada instante, minha própria realidade. Ou seja, ao agir e trabalhar estamos criando possibilidades de modificar a realidade à nossa volta, um verdadeiro poder de transformação e responsabilidade se configura com esta noção.
Outra perspectiva possível é compreender que a carreira pode ir muito além do que está escrito no crachá, o nome do seu cargo, ou mesmo o nome da área ou setor de trabalho. A sua carreira já pode estar sendo incorporada em sua personalidade, ou seja, mesmo que a pessoa não esteja oficialmente exercendo o seu trabalho, ou inserido no ambiente e contexto onde sua função está explícita, ainda assim é possível que ela continue a refletir as intenções e atitudes próprias do cargo que ela exerce.
Para ilustrar um pouco, no filme “Gladiador” temos um personagem que é um grande e importante general com a grande responsabilidade de auxiliar nos avanços do império romano rumo ao norte, mais especificamente em uma região conhecida como germânia. Este general obteve muito sucesso e era muito respeitado pelos seus subordinados. Entretanto, ele é destituído repentinamente do seu cargo, por razões que nada tiveram a ver com seu comportamento, mas com os acontecimentos que se sucederam dentro da trama do filme.
O destaque a ser colocado aqui é que após este ocorrido ele acaba se vendo como um nômade, vagando ao ermo meio que sem rumo. Ele é encontrado e comprado como um escravo, como diversos outros, para serem guerreiros em arenas romanas, os famosos gladiadores.
Na primeira batalha em uma arena, ele já começa resplandecendo, quase que com uma naturalidade exímia, os seus traços de líder. Ele organiza os guerreiros, os mostra um propósito comum, os une e os convence a lutarem juntos, isto no calor de uma arena aos agitos e lampejos da torcida. A sua bravura e determinação, muito provavelmente, já haviam sido incorporadas em sua personalidade enquanto general, mesmo sem seu uniforme e com todo seu exército, ele estava consigo mesmo, a sua essência o acompanhava.
Compreender e explorar caminhos de entendimento, especificamente quando falamos de carreira, pode ser algo de fundamental importância, não somente para traçar um caminho ou meta a se conquistar de forma mais clara e dinâmica, mas também perceber possibilidades de ação diante de demandas que surgem, como por exemplo, servir ao próximo da melhor forma possível e como ser mais preparado para enfrentar as adversidades que podem surgir em sua trajetória.
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