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O Poder da Intuição

  • Foto do escritor: Célia Chueire
    Célia Chueire
  • 21 de mar. de 2022
  • 4 min de leitura

Você já deve ter reparado na enorme quantidade de informação e facilidade de acesso nesse mundo digital. É mais do que a mente humana consegue lidar de forma efetiva. Há quem diga que o consumo excessivo de conteúdo de alta e baixa qualidade pode resultar numa espécie de cansaço mental e emocional, um quadro de letargia, desinteresse, procrastinação, e com sérios prejuízos para a qualidade de vida.


O catedrático em Antropologia de Harvard, Andrew Oitke na sua polêmica obra Mental Obesity cunhou essa expressão: obesidade mental. São suas palavras: “a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.


Os cozinheiros desta magna “fast food” intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.» Uffa! Forte isso!! Esse pragmatismo do conhecimento tipo Crtl C+ Ctrl V está atrofiando a qualidade divina e humana que é a intuição.


A chamada BIG DATA, um termo criado em 1997, serve para explicar um volume exacerbado de dados, que é cada vez maior, numa velocidade estonteante. A cada dois anos ou menos, o volume de dados dobra. Cientistas da área também tem seus desafios. Não é necessariamente um mal em si porque se crê que quanto mais dados, mais segurança existirá para gerenciamento de eficiência das máquinas, das experiências com clientes e por aí vai. Se uma empresa quiser saber o perfil de um cliente específico ou consumidor de um tipo de produto, há programas específicos que reúnem cada vez mais condições de analisar tais informações. Mas certamente isso tem um efeito danoso sobre a psiquê humana, uma espécie de infotoxicidade, um cansaço de internet e paralisia da intuição. Sim é possível, porque se para todo tipo de decisão você precisa de muitos dados, quando você acreditará no poder da sua intuição?


Aqui é preciso um aspecto fundamental que é o discernimento. É preciso ter cuidado para não jogar fora a água da banheira com o bebê dentro. Não se pode ignorar a razão. Mas é preciso considerar a intuição mesmo em meio a mundo de big data. Sim, porque as situações que exigem escolhas estão diante de nós assim que saímos da cama e até voltarmos para ela, situações essas que exigirão muitas das vezes, mais intuição porque não haverá dados lógicos, suficientes e esclarecedores. Mal comparando seria algo como num dia que embora pareça que não vai fazer frio, ainda sim você sente a necessidade de sair com um casaco. E de fato, mais tarde, o tempo começa a esfriar. Grosso modo, pode parecer mera coincidência, mas talvez tenha um algo mais. É a esse algo mais que chamamos de intuição. Parece ser a capacidade de pressentir acontecimentos ou caminhos que levam a soluções de difíceis problemas.


O professor de comportamento organizacional na Escola de Administração da Universidade de Surrey, na Inglaterra, Eugene Sadler-Smith, afirma que intuição é mais racional do que se imagina. Se antes era um assunto místico e de autoajuda, agora é científico, o que combina com o original latim intuitione que significa “imagem refletida por um espelho”. “A intuição funciona como resultado de um processo mental realizado abaixo do nível da consciência”, É como se fosse um reflexo que se manifesta como percepção repentina. Por isso, a intuição é desejada e necessária em ambientes de trabalho, nos negócios, e até em campos de batalha. Intuição e coragem andam de mãos dadas ...ou não. Já parou para pensar em quantas vezes você intuiu sobre alguma coisa, sempre em situações semelhantes, mas não teve coragem de agir e depois percebeu que outra pessoa agia em seu lugar fazendo exatamente aquilo que você intuía? Pois é, a coragem não andou junto. Talvez seja necessário investigar o que foi que o bloqueou pois podem ser crenças erradas, autoconfiança, medos, autossabotagem.


Mas, é possível educar sua intuição porque todos a temos. Em 1928 o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, fundador da Psicologia Analítica, disse que a intuição é uma das quatro funções psicológicas do homem e as outras são sensação, sentimento e pensamento. Intuir é, portanto, algo natural da pessoa.


Confie na sua intuição, normalmente seus pressentimentos são fundamentados em fatos arquivados no nível do subconsciente. Quanto mais conhecimento e experiência você acumular, mais rica a sua bagagem cultural e mais poderosa e confiável a sua intuição. Estudiosos dizem que análise e intuição são tão entrelaçadas que é impossível separá-las. Elas estão juntas em todas as situações. Não há boa análise sem intuição, e nem boa intuição sem análise. Ao contrário do que alguns pensam, a intuição não é o substituto para a ignorância e desconhecimento dos fatos. Especialistas afirmam que a intuição caminha com a experiência, e o conhecimento ajuda a aflorar a intuição. Sem análise, a intuição pode ser apenas um palpite.


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