Sobre a Inteligência Emocional
- Célia Chueire
- 31 de jan. de 2022
- 3 min de leitura

Imagine-se fazendo parte uma equipe de trabalho, na qual todos estão engajados e comprometidos em encontrar uma solução para um problema. A questão fora proposta pelo diretor na parte da manhã, e o assunto precisa ser resolvido até o fim do dia. Rotina. Sabe como é, não? Pessoas diferentes, com expectativas também diferentes em torno de um mesmo problema. Quais sentimentos uma situação como essa suscitaria em você? Saberia identificá-los de forma clara, ou se perderia em emoções e sensações difusas ou nebulosas? O que realmente estaria lhe incomodando durante a reunião?
Saber identificar tais sentimentos e emoções, não somente as suas próprias, mas também as dos outros é o que se chama modernamente de Inteligência Emocional (IE).
Quando num primeiro encontro, procuro alinhar com o coachee as razões pelas quais ele está contratando um processo de coaching, uma motivação que ele destaca é o desejo de, nas palavras ele, o de aprimorar a IE.E se pergunto o que ele imagina o que seja Inteligência Emocional, Ele responde que experimenta muita raiva. Interessante. ´É possível que ele pense que ter Inteligência Emocional, é ter mais ou menos raiva. Ainda que não esteja tão equivocado, a IE não se restringe à emoção chamada raiva, mas abrange toda emoção, sentimentos e suas ressonâncias. Nem está situado somente na realidade. A Inteligência Emocional está presente nas ideias e até nos sonhos. Alguns só de pensar em uma apresentação para uma plateia, experimentam verdadeiro pavor com direito a suadouros e gaguejos. Qual a emoção num primeiro dia de trabalho no retorno de um período de férias? Como se sente ao receber um novo gerente? Qual sua emoção ao receber uma delegação de uma tarefa? E um feedback? Ou se é você que dar o feedback? Será que simples sotaque acionaria um gatilho emocional capaz de te arrancar do momento presente?
Ao compreender que movimentos ocorrem em seu interior, que emoções se manifestam, você terá um ponto de partida para refletir e agir diante da situação, de forma a trazer algo benefícios para si e os demais envolvidos.
Embora o conceito de IE tenha sido popularizado pelo PHD em Harvard, psicólogo Daniel Goleman, em 1995, este era um tema que desde a década de 20 já vinha sendo debatido. Qual o papel das nossas emoções nas nossas escolhas e decisões? Goleman também é escritor e jornalista, - escreveu durante 12 anos no New York Times sobre Ciências do comportamento e sobre o cérebro. O fato é quase 30 anos depois, tendo vendido cerca de 400 mil exemplares só no Brasil e uns 5 milhões no mundo, ainda engatinhamos no assunto e não poucas vezes o tema é mal compreendido.
O cotidiano mostra que o mercado corporativo, a educação, a família entenderam que o sucesso não é apenas levado em conta por causa do Quociente de Inteligência (QI). Com o conceito de “duas mentes”, uma emocional e outra racional Goleman trouxe uma forte contribuição ao mundo dos negócios, aos relacionamentos interpessoais e a motivação pessoal. É dele a síntese: “Por que o autocontrole é tão importante para os líderes? Em primeiro lugar, pessoas que estão no controle de seus sentimentos e impulsos, ou seja, pessoas racionais, são capazes de criar um ambiente de confiança e equidade”
O aprimoramento da IE promove melhores relacionamentos, equilíbrio diante de situações desafiadoras e outros tantos ganhos. É uma habilidade a ser desenvolvida sim, e até mesmo um processo de DESAPRENDIZAGEM da forma com que aprendemos a lidar com nossas emoções. Some-se a isso o funcionamento da personalidade de cada qual. Um jeito melhor de ser inteligente é ser Emocionalmente inteligente. Uma pessoa com alto QI não tem a garantia de ter também igual nível com sua IE. O primeiro contribui muito para uma contratação, porém é a IE que contribuirá para sua permanência no emprego e para a construção da carreira.
Para aquele chefe do início desta reflexão, pode ser que a solução desejada chegue até mais cedo do que se pensava, se houver Inteligência Emocional na equipe.
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